Brucelose e tuberculose em bovinos e bubalinos

A Brucelose

Trata-se de uma doença infectocontagiosa de caráter crônico. Ela é causada por bactérias do gênero Brucella abortus que infecta diversas espécies de animais como bovinos e bubalinos (búfalos), além de humanos. Como acontece em muitas regiões do planeta, essa zoonose acarreta problemas sanitários e prejuízos econômicos expressivos e no Brasil não é diferente.

Segundo os especialistas, a principal fonte de infecção da Brucelose, é representada pela vaca prenhe. Acontece que esse animal nessas condições, elimina grandes quantidades do agente no parto e em todo o período puerperal. Isso se dá até 30 dias após o parto, contaminando pastagens, a água, os alimentos e fômites que são objetos inanimados capazes de absorver e reter organismos que vão infectar o rebanho.

Essas bactérias podem permanecer ativas no meio ambiente por longos períodos. Isso vai depender das condições de umidade, temperatura e sombreamento, ampliando de forma expressiva as chances de o agente infectar um novo indivíduo suscetível.

Em se tratando de infecção, a porta de entrada mais importante é o trato digestivo, sendo que ela se inicia quando um animal ingere água e alimentos contaminados ou simplesmente pelo hábito da vaca lamber o bezerro recém-nascido. Um animal pode também contrair a doença somente ao cheirar fetos abortados, pois a bactéria também pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos. As fêmeas prenhes podem também infectar sua cria no útero ou logo após o parto.

Pela monta natural, segundo os estudiosos, essa contaminação tanto em bubalinos quanto em bovinos não é possível pois uma vez depositado o sêmen no aparelho reprodutor da fêmea, ele (o aparelho), possui suas defesas naturais contra o agente infectado. Porém, a inseminação artificial é uma porta aberta para a contaminação das vacas se não forem tomados os cuidados necessários no manuseio dos equipamentos e estes devem estar limpos.

Nas propriedades

A brucelose tem como principal fonte de contaminação, a introdução de animais contaminados na propriedade. Quanto maior a frequência, maior o risco. Isso arremete a maior exigência quanto aos testes clínicos dos animais adquiridos.

 

Sobre os sinais clínicos

Nos bovinos e bubalinos, a principal manifestação clínica é o aborto. Uma vez infectada a vaca, isso ocorre no terço final de gestação, sendo comum a retenção da placenta. Com o desenvolvimento de imunidades celular após o primeiro aborto, há uma diminuição de lesões de placentárias nas gestações vindouras. Com isso o aborto se torna pouco frequente, mas aparecendo outras manifestações da doença, como nascimento de bezerros fracos ou mortos. A Brucelose pode ser a causa de infertilidade em ambos os sexos.

Sobre as vacinas

No Brasil, as vacinas utilizadas são a B19 e a RB51, ambas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal – OIE. A vacina B19 é a recomendada para vacinação de fêmeas bovinas e bubalinas da idade de 3 a 8 meses de idade. No Brasil, é a vacina obrigatória para bezerras com idade entre 3 e 8 meses. Nas raças com puberdade precoce, como algumas raças europeias, recomenda-se que as bezerras sejam vacinadas até os seis meses de idade. Esta prática visa minimizar a interferência no diagnóstico sorológico já na idade adulta. 

A persistência desses anticorpos está relacionada com a idade de vacinação. Se as fêmeas forem vacinadas com idade superior a 8 meses, há grande probabilidade de produção de anticorpos que perdurem e interfiram no diagnóstico da doença após os 24 meses de idade. Admite-se que fêmeas imunizadas com a vacina B19 na idade correta estarão protegidas por um período de sete anos após a vacinação. Entretanto, a B19 não tem efeito curativo, não alterando, portanto, o curso da doença quando aplicada em animais infectados. 

Além disso, animais em gestação não devem ser vacinados, pois poderão abortar. Machos também não devem ser vacinados, pois poderão  desenvolver orquites e artrites. No ano de 2007 foi aprovado a Instrução Normativa (IN) DAS-MAPA No. 33 (28/08/2007) que regulamentou o uso da vacina RB51 restringindo sua administração para fêmeas que não foram vacinadas com a amostra B19 entre 3 e 8 meses de idade e para fêmeas adultas não reagentes aos testes sorológicos em estabelecimentos de criação com foco de brucelose. O uso da RB51 é recomendado somente em regiões de baixa prevalência da doença, de preferência, quando o combate da doença já estiver em fase de erradicação; pois em locais onde a brucelose é endêmica e apresentar alta prevalência, a vacina de escolha deve ser a B19.

Riscos à saúde pública

A Brucelose é uma zoonose e representa grande risco à saúde pública principalmente através da ingestão de leite cru e seus derivados que não são submetidos ao tratamento térmico adequado. Também a carne crua com restos de tecidos linfáticos e o sangue de animais infectados podem conter bactérias viáveis, segundo os cientistas que estudam o assunto.

Outro detalhe importante é que a Brucelose possui caráter ocupacional envolvendo funcionários como tratadores, gerentes, médicos veterinários, entre outros, devido à manipulação de restos placentários, fluídos fetais e carcaças de animais, expondo-se ao risco de infecção quando esses materiais provêm de animais infectados. Há que se ressaltar que o manuseio das vacinas B19 e RB51, que são patogênicas para o homem, também põe em risco médicos veterinários e seus assistentes.

 

A Tuberculose

“A tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis é uma zoonose de evolução crônica que acomete principalmente bovinos e bubalinos, responsável por perdas econômicas consideráveis. A doença se caracteriza pelo desenvolvimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem localizar-se em qualquer órgão ou tecido,” segundo matéria científica publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em relação a transmissão dessa doença, em 90% dos casos, ela acontece através de aerossóis que são minúsculas gotículas suspensas no ar, exaladas pelos animais durante o contato direto entre os infectados e os sadios ou seja: o animal infectado pode eliminar o agente em secreções respiratórias e vaginais, sêmen, fezes, urina e leite.

Alimentação

O trato digestivo também é uma porta de entrada da tuberculose bovina, principalmente em bezerros alimentados com leite proveniente de vacas com mastite tuberculosa e em animais que ingerem água ou forragens contaminadas. A aquisição de animais infectados constitui a principal forma de introdução da tuberculose nos rebanhos. 

Observa-se que a doença é mais frequente em rebanhos leiteiros do que em rebanhos de corte. A manutenção e a introdução da doença são influenciadas por características da propriedade de criação ou seja, o tipo de exploração, o tamanho do rebanho, a densidade populacional e as práticas zootécnicas e as sanitárias adotadas pelo   pecuarista.

Sinais clínicos

Em estágios mais avançados pode ocorrer febre, inapetência, (falta de apetite dos animais), fraqueza e emagrecimento progressivo. Geralmente a infecção tem evolução crônica e muitas vezes não são observados sinais clínicos, mesmo quando há envolvimento de vários órgãos. Uma vez acometidos, os animais com problema como comprometimento pulmonar, por exemplo, podem desenvolver tosse e dispneia. O envolvimento do trato gastrointestinal pode ocasionar diarreia intermitente e constipação.

 

Risco à saúde pública 

A tuberculose causada pelo M.bovis pode ser transmitida ao homem por meio

de consumo de leite e derivados sem tratamento térmico adequado, oriundos

de vacas infectadas. A doença também tem caráter ocupacional, estando mais

susceptíveis os tratadores, médicos veterinários e trabalhadores de indústrias,

devido ao contato com animais ou derivados infectados.

 

Texto: Imprensa Fundepec-Goiás

Fonte de pesquisa: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento