Schistosomus reflexus em Bovinos: o que é?

Schistosomus reflexus é uma anomalia congênita fatal e rara, essa patologia é considerada como uma monstruosidade (FILHO, et al.,2015). Observada em várias espécies, com mais casos observados em ruminantes. Caracteriza pelas exposições de vísceras abdominais e torácicas, anquilose dos membros, hipoplasia hepática e diafragmática, escoliose e anormalidade do sistema digestório e genitourinário (LAUGTHON et al., 2005). Na maioria dos casos, o feto possui algumas características externas, como pele e pelos (FERREIRA et al., 2013).

Ainda existe poucos estudos sobre essa anomalia, mas casos já estudados foram devido a falhas na fusão de estruturas embrionárias durante a diferenciação do disco embrionário, mutações, fatores hormonal, medicamentos e os produtos tóxicos também foram citados como possível causa (ROBERTS et al., 1971).

Os casos de Schistosomus reflexus são relacionados a anormalidades que podem ocorrer em órgãos específicos ou em casos mais severos no sistema completo, alterando totalmente sua funcionalidade. Normalmente ocorrências como esta estão diretamente relacionadas com fatores genéticos ou ambientais no decorrer da gestação do animal (TELES et al., 2015).

Uma das principais características apresentadas podem ser inversão da coluna vertebral e hipoplasia dos pulmões e/ou diafragma, anormalidades no sistema digestório, podendo ainda apresentar os órgão internos expostos devido a anomalia provocada na linha alba, não ocorrendo a ligação entre as cavidades (TOMAZ et al., 2022).

De acordo com SILVA, 2022 anormalidades decorrentes de fatores ambientais são ocasionadas por condições nutricionais das genitoras, com suplementos alimentícios ausentes, podendo ser deficiência de minerais como: iodo e cobre. Ou ainda ser ocasionado por natureza infecciosa pela transmissão de
doenças, como também devido ao consumo à nível prejudicial de plantas tóxicas. No entanto, muito se relaciona como causador de Schistosomus reflexus a administração ou ingestão de medicamentos de forma acidental ou sem prescrição de um médico veterinário, geralmente pertencentes ao grupo químico dos organofosforados.

Para diagnóstico da anomalia deve ser analisadas pelo médico veterinário as características do feto, que são observadas no parto ou durante a gestação quando se realiza o exame de ultrassonografia. Geralmente o feto apresenta formação incompleta; ausência de cérebro ou crânio, vísceras abdominais expostas, dobradura da coluna vertebral entre outros (MEDEIROS et al., 2021).

Como tratamento se relaciona com os cuidados pós parto com a matriz, pois o feto geralmente já nasce sem vida ou entra em óbito em pouco tempo. Quando nasce com vida e sem condições de sobrevivência, se faz necessário a realização de eutanásia, pois seu bem estar estaria comprometido de forma irreversível (GONZAGA et al., 2020).

Agir de maneira preventiva é a melhor alternativa, realizando manejo ideal na propriedade, controle zootécnico, saber o histórico de cada animal inserido no sistema de produção, atenção com problemas de consanguinidade, escolha de touros e cuidado com aplicação de medicamentos durante as fases gestacionais, realização de ultrassonografia para avaliação da viabilidade fetal são algumas das medidas preventivas que devem ser adotadas para evitar problemáticas como a supracitada (SILVA, 2022).

 

Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.


Autores
Carla Aline Turok, Medicina veterinária. Centro Universitário Campo Real
Keila Terezinha Martins, Medicina veterinária. Centro Universitário Campo Real
Moana França Rodrigues, Docente orientadora. Centro Universitário Campo Real

Referências
FERREIRA, D. O. L. et al., Estudo anatomorfológico, radiográfico e tomográfico de Schistosomus reflexus em ovino da raça Dorper: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 65, p. 1096-1102, 2013.

ROBERTS, S.J. Gestation period-embriology-fetal membranes and placenta-teratology. In: ROBERTS, S.J. (Ed). Veterinary obstetrics and genital diseases New York: Ithaca, 1971. p.36-75.

FILHO, A. P. S. et al., Monstros fetais como causa de distocia em vacas. Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). R. bras. Ci. Vet., v. 22, n. 2, p. 81-84, abr./jun. Garanhuns-PE, 2015.

SILVA, G, C. Relatório de estágio supervisionado. TCC – Curso de Medicina Veterinária de Urutaí, Instituto Federal Goiano – Campus de Urutaí, 2022.

TELES,O. M. L. et al., Monstros fetais como causa de distocia em vacas. Disponível em:  https://www.researchgate.net/profile/Jose-Afonso-4/publication/283178497_Monstros_fetais_como_causa_de_distocia_em_vacas/links/564c921608ae020ae9fabd9b/Monstros-fetais-como-causa-de-distocia-em-vacas.pdf. Acesso em: janeiro de 2015.

MEGID,j. et al., Uma forma de ocorrência do Schistosomus reflexus em bovino – Relato de caso. Veterinária e Zootecnia, p. 214- 218, 2010.

TOMAZ, C. E. B. et al., ANOMALIA CONGÊNITA Schistosomus reflexus EM BOVINOS – Relato de caso. Anais do 20º Encontro Científico Cultural Interinstitucional, 2022.

MEDEIROS, F. P. et al,. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DE FETO COM SCHISTOSOMUS REFLEXUS EM UM CÃO – Relato de caso. disponível em: https://cdn.congresse.me/8imjalccv0oqr7uppmiey4gq27g7. acesso em: 03 de julho de 2021.

GONZAGA, R. N. et al., Principais aspectos da eutanásia em ruminantes. Disponível em: https://gempevufmg.wordpress.com/2020/10/27/principais-aspectos-da-eutanasia-em-ruminantes/. acesso em: 27 de outubro de 2020

Publicação: MilkPoint