Com ajuda da UFG Esalq aponta ganhos com recuperação de pastagens

Prática contribuiu para o crescimento do PIB brasileiro em 0,31% na última década, ou quase R$ 17 bilhões. Estudo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) apontou que a recuperação de pastagens degradadas no Brasil na última década contribuiu para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 0,31%, ou quase R$ 17 bilhões. 

A recuperação também gerou contribuições socioeconômicas e ambientais, como altas da produtividade nas pecuárias de corte e de leite, mitigação da emissão de carbono na atmosfera e aumentos da renda do produtor rural, do consumo das famílias, dos empregos, dos salários e da arrecadação tributária.

 Os dados podem ser um importante aliado dos pecuaristas brasileiros na tentativa de desfazer a imagem negativa perante a opinião pública do ponto de vista ambiental. Para o governo, podem orientar o estabelecimento de novas políticas. O estudo avaliou dois cenários. 

O primeiro levou em consideração toda a área de pastagens degradadas recuperada no país – 19,4 milhões de hectares entre 2010 e 2018, de acordo com dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O segundo avaliou apenas os 4,1 milhões de hectares recuperados por meio da linha de crédito do Programa ABC específica para essa finalidade, com aplicação de R$ 8,1 bilhões em financiamentos entre 2013 e 2020. 

A linha de base da análise levou em consideração as variáveis macroeconômicas a partir de 2015. “Uma vez que o PIB da economia brasileira em 2015 foi de aproximadamente R$ 6,05 trilhões, a elevação observada, acumulada em 2021, de 0,31% do PIB no cenário 1 e de 0,07% no cenário 2, representa, computados sobre o valor de 2015, um ganho social de, respectivamente, R$ 16,9 bilhões no cenário 1 e de R$ 4,2 bilhões no cenário 2”, diz o estudo.

 No recorte específico da linha de crédito do Programa ABC, foi possível calcular a taxa de retorno social. Cada real investido na técnica sustentável gerou R$ 0,56 à sociedade. “É uma taxa de retorno social de 56% no período, de 6,5% em termos reais ao ano. É um valor alto mesmo se comparado a outras políticas, como o uso de etanol e biodiesel, com impacto de 0,03% no PIB”, disse o pesquisador da Esalq/USP Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, que coordenou o estudo. “É isso que permite a produção crescer mesmo com a área menor. Esse é o caminho”. O estudo também levou em conta o acúmulo de carbono no solo pela atividade pecuária, tema ainda sem consenso no mundo científico, mas que cada vez mais entra na mira dos pesquisadores. Nessa análise, a pecuária de corte desenvolvida em áreas de pastagens recuperadas teve redução de 9,67% das emissões por unidade produzida. Para a pecuária de leite, a queda foi de 5,86%. Sem considerar o estoque, a mitigação ficou em 2% e 1,3%, respectivamente.

VALOR ECONÔMICO

Adaptação e foto; Imprensa Fundepec-Goiás