Foi realizada na semana passada, na Bolívia, mais uma edição da Cosalfa que há vários anos, vem discutindo a retirada de vacinas contra a febre aftosa em toda a América do Sul, transformando todos os países em áreas livres da doença sem vacinação.
A 51ª Cosalfa foi organizada pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panfatosa/VPH) da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) com o apoio do Estado Plurinacional da Bolívia, por meio do Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Inocuidade Alimentar (Senasag) e do Ministério do Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, bem como das principais organizações pecuárias do país.
Representando o Fundo Emergencial para a Sanidade Animal de Goiás, se fez presente o médico veterinário Uacir Bernardes. Segundo ele, os temas mais interessantes ali debatidos foram a implantação também de um banco de vacinas (Banvaco), uma idéia de todos os membros da Cosalfa e a presença de febre aftosa em três países da Europa mais recentemente, sendo eles, Alemanha, Eslováquia e Hungria. Sobre o banco de vacinas ele será usado na reserva de antígenos contra a febre aftosa como segurança para todos os países, no caso de surgimento de novos focos da doença, já que a vigilância deve ser constante. Ainda não foi definido qual país sediará esse banco. Fala-se na Argentina que já tem apoio de dois países, Paraguai e Equador. Os demais membros da Cosalfa ainda não se manifestaram sobre o assunto.
As discussões sobre o aparecimento da febre aftosa em três países da Europa, Alemanha, Eslováquia e Hungria, causou muita preocupação principalmente sobre se eles serão suspensos ou não em se tratando de exportações de carne bovina para outras regiões. A Alemanha alega que a aftosa apareceu somente em búfalos e que a situação está sob controle.
Vários seguimentos da pecuária brasileira se fizeram presentes como Agrodefesa de Goiás, Fundepec, Ministério da Agricultura e Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária.


De acordo com Rafael Filho, assessor técnico do sistema de pecuária de corte da CNA e Senar, o PNEFA – Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa previa o reconhecimento internacional de país livre de aftosa em 2026 no caso do Brasil, no entanto, foi antecipada pela OMSA para maio de 2025, assim como a Bolívia. Em maio deste ano, o Brasil e a Bolívia devem ser reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como países livres de febre aftosa sem vacinação.

Ele explicou que países com status livre de febre aftosa com vacinação (e territórios sem vacinação), como Colômbia e Equador, seguem com as ações para a retirada da vacina e reconhecimento internacional.
Além de avaliar as conquistas feitas durante o terceiro Plano de Ação, a Cosalfa 51 estabeleceu um roteiro estratégico para enfrentar os desafios que surgirão depois de 2025. Durante o evento, foi analisada a situação atual da região dentro do contexto dos objetivos do PHEFA-Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa na América do Sul e dada prioridade a tópicos voltados para o fortalecimento da cooperação técnica regional.
“Peru, Chile, Guiana, Suriname e Panamá mantêm o status de países livres de febre aftosa sem a vacina e reforçam as ações de vigilância sanitária para manutenção desse status. Argentina, Uruguai e Paraguai seguem com o status de livre, com vacinação, mantendo a vacinação sistemática contra febre aftosa. O processo de retirada da vacina nesses países está sendo discutido internamente e não há data definida para a retirada”, esclareceu o assessor da CNA.
Durante a discussão, foi destacada a importância de uma boa estratégia de notificação como ferramenta para a retirada da vacina e agilidade nas respostas. Também foi abordada a relevância da análise de riscos não só em nível regional (América do Sul e Panamá), mas também em países como Alemanha, Hungria e Eslováquia, que neste ano registraram casos de febre aftosa.
O presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, Francisco de Castro, da CNA, destacou o papel do setor privado, incluindo a CNA, na cobrança de um banco de antígenos para o Brasil e de fundos emergenciais robustos, que sejam capazes de amparar os produtores em casos de emergência sanitária. “É importante que essas ferramentas estejam operantes o mais rápido possível”, pontuou.
A Cosalfa é composta por 26 representantes de 13 países da América do Sul e do Panamá. Os países-membros são: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai.
Fontes: Parte de textos e fotos da CNA, além da Cosalfa e Agrodefesa.