A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) realizou de 03 a 05 de setembro, em Pirenópolis (GO), um treinamento para formação e atualização de equipes de captura de morcegos em Goiás. O objetivo foi o de capacitar servidores para atuarem de forma eficiente e segura na captura e no controle de morcegos hematófagos, responsáveis pela transmissão da raiva em herbívoros. Mais de 60 fiscais estaduais agropecuários das 12 regionais da Agência espalhadas pelo Estado participaram da capacitação, que envolveu atividades teóricas e práticas.
O trabalho de captura de animais e de monitoramento de abrigos integra o Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), desenvolvido em Goiás com o intuito de prevenir e reduzir a incidência da doença, que é uma zoonose fatal e pode causar prejuízos econômicos e prejudicar a saúde humana. “O foco é garantir que todas as regiões goianas estejam preparadas para atuar no controle da raiva, que possui alto índice de letalidade. Os nossos fiscais agropecuários sempre estão em campo para ajudar com educação sanitária, orientando produtores sobre medidas preventivas e levando informações mais técnicas. Por isso, agora vamos reforçar esse conhecimento”, enfatiza o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta.
“O treinamento contribui para a formação de equipes novas de trabalho, como também atualização daqueles servidores que já realizam a atividade na Agência. É a oportunidade ainda de integração de todas as regionais, pois no mínimo dois servidores de cada unidade regional estarão presentes, incluindo o médico veterinário responsável pela captura. Com certeza vai proporcionar espaço para troca de experiências”, explicou a gerente de Educação Sanitária da Agrodefesa, Telma Gonzaga.
O fiscal estadual agropecuário e assessor da Diretoria de Defesa Agropecuária da Agrodefesa, Fernando Bosso – que foi um dos palestrantes do treinamento –, acrescentou que a capacitação contribui para fortalecer o trabalho desenvolvido em Goiás. “É importante ressaltar que uma vez capturados, os morcegos são tratados com uma pasta à base de substância anticoagulante, que provoca a morte desses animais. Isso é feito para poder realizar o controle populacional, evitando, assim, a exposição de rebanhos e da população ao vírus da raiva mediante a transmissão pelos morcegos hematófagos. Por meio do controle, a nossa estratégia é evitar a disseminação da raiva em Goiás”, informa.
Teoria e prática
A parte teórica do treinamento ocorreu na unidade da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Pirenópolis. O conteúdo das palestras foi ministrado por profissionais da Diretoria de Defesa Agropecuária e das Gerências de Educação Sanitária, de Sanidade Animal, de Fiscalização Agropecuária e do Laboratório de Análise e Diagnóstico Veterinário (Labvet). Além disso, equipes das regionais da Agrodefesa compartilharam informações e experiências no trabalho de captura e monitoramento de morcegos hematófagos no Estado.
Já a parte prática foi realizada em abrigos e cavernas, também por profissionais das unidades regionais da Agência. “Foi prevista, já no primeiro dia, uma prática de campo no curral, onde os participantes aprenderam a montar redes de captura, identificar os morcegos capturados e aplicar a pasta à base de substância anticoagulante, que provoca a morte desses animais. O segundo dia focou em práticas de campo relacionadas à identificação e manejo de abrigos naturais, que podem ser cavernas naturais e artificiais, dentro das propriedades rurais”, completa a gerente de Educação Sanitária da Agrodefesa, Telma Gonzaga.
Ela informa que os participantes receberão treinamento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás sobre técnicas de salvamento, primeiros socorros e escalada, essenciais para acessar abrigos em locais de difícil acesso, como cavernas e cachoeiras. “Essa capacitação visa garantir que as equipes estejam prontas para lidar com qualquer tipo de situação que possam encontrar em suas operações de campo”, destaca.
Raiva
A raiva dos herbívoros, que acomete bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos e ovinos, além de mamíferos domésticos, é um mal causado por vírus e se caracteriza também como zoonose, porque afeta os humanos. A doença é causada por um vírus RNA da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. A transmissão ocorre pela inoculação do vírus presente na saliva do mamífero infectado prioritariamente pela mordedura ou lambedura de mucosas.
A transmissão envolve quatro ciclos epidemiológicos distintos. No ciclo aéreo a doença é transmitida entre os morcegos; o ciclo silvestre, com transmissão entre animais silvestres (exemplo: macacos e raposas); o ciclo urbano, com transmissão entre cães e gatos; e o rural que envolve bovinos, bubalinos e equinos. A partir desses ciclos, a doença pode acometer os humanos.
Os casos de animais positivos para raiva devem ser informados para as áreas competentes – em Goiás, pode ser por meio do Disque Defesa (0800-646-1122). As atividades de comunicação de risco devem ser realizadas de forma a ampliar a notificação de casos suspeitos e evitar o contato da população com os animais expostos ao vírus.
Foto Home: Comset Agrodefesa
Texto: Imprensa Agrodefesa
Adaptação: Imprensa Fundepec-Goiás